segunda-feira, 30 de julho de 2012

Inscrições prorrogadas para o Prêmio Abdias Nascimento

Foi prorrogado até 21 de agosto o prazo para as inscrições na 2ª edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento. Jornalistas (incluindo os repórteres de imagem) de todo o país podem participar. Serão distribuídos R$ 35 mil em sete categorias (Mídia Impressa, Televisão, Rádio, Internet, Mídia Alternativa ou Comunitária, Fotografia e Especial de Gênero). O vencedor de cada categoria receberá R$ 5 mil, conforme o regulamento.

Quem se inscrever na categoria especial de gênero e, simultaneamente, em outra categoria tem a chance de ganhar R$ 10 mil. A categoria especial de gênero é a única que permite a inscrição de uma mesma reportagem em até duas categorias, desde que apresentem este recorte.
Para concorrer nesta 2ª edição, os jornalistas devem ter publicado e/ou veiculado matérias entre 1º de maio de 2011 até 31 de julho de 2012. 

As inscrições são gratuitas. Os interessados podem acessar a ficha de inscrição e regulamento disponíveis neste site.

O Prêmio Jornalista Abdias Nascimento é uma iniciativa da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), vinculada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. E conta com o apoio da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), do Centro de Informações das Nações Unidas (ONU) e do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro). O patrocínio é da Fundação Ford, Fundação W. K. Kellogg e da Oi.
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FONTE: Assessoria de Comunicação do Prêmio

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Bamidelê e NEABI debatem gênero, educação antirracista e diáspora africana



Por Mabel Dias

“Gênero e diáspora africana – marcos legais, educação antirracista e saberes negros”. Este é o tema da mesa redonda que a Bamidelê – Organizacão de Mulheres Negras na Paraíba e o Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro brasileiros e Índigenas (NEABI) da UFPB realizam no próximo dia 31, terça-feira, às 14h, no Clube de Dirigentes Lojistas (CDL), Centro. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no blog do NEABI, no endereço http://neabi-ufpb.blogspot.com.br/

O evento, que conta com a parceria da Rede de Mulheres em Articulação da Paraíba e da Marcha Mundial de Mulheres, faz parte das comemorações alusivas ao “25 de julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e o Dia de Teresa de Benguela e da  Mulher Negra no Brasil”.

“Vamos debater sobre a lei 10.639, que estabelece o ensino da História da África no Brasil, mas que não foi colocada em prática de maneira integral no país, além de evidenciarmos a contribuição da população negra para a construção da sociedade brasileira, com foco para a participação das mulheres negras e a sua inserção e dificuldades enfrentadas no mercado de trabalho, por exemplo”, explicou a professora doutora do Departamento de História da UFPB, Solange Rocha, uma das fundadoras da Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba e integrante do NEABI. 

Entre as palestrantes estão as professoras Zelma Madeira, do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Ceará (UECE); Marluce Pereira, do Departamento de Letras da UFPB e integrante do NEABI e Ivonildes Fonseca, da área de sociologia, e também integrante da Bamidelê e do NEABI.

“É necessário e fundamental discutirmos sobre a maneira que a nossa identidade de mulher negra está sendo construída no Brasil. Temos um processo de invisibilidade e de uma visibilidade estereotipada relacionada às mulheres negras e a população negra em geral. É preciso quebrar com isto para que as atuais gerações conheçam sua história e tenham orgulho de suas origens e de sua cor”, afirmou a professora Zelma Madeira, da Universidade Estadual do Ceará, que apontou algumas conquistas alcançadas pela população negra nos últimos anos nas áreas da saúde – com a implantação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, e na educação, com a Lei 10.639/2003, que incluiu o ensino, nas redes particular e pública, de História e Cultura Afro-Brasileira.

Este ano, o 25 de julho – Dia Internacional da Mulher Negra da América Latina e do Caribe, de Tereza de Benguela e da Mulher Negra no Brasil completa sua 13º comemoração na Paraíba. A Bamidelê vem fazendo parte desta história de luta das mulheres negras no país, visibilizando o combate ao racismo e ao sexismo.

25 de Julho - Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha

 Por Luciana Barbosa - Cunhã Coletivo Feminista

Hoje e sempre lembro de todas as mulheres negras que lutaram, resistiram contra o racismo, o patriarcado e o machismo de nossa sociedade, que alçaram vôos longínquos, que se afirmaram em sua identidade de mulheres negras, destemidas em se afirmar como seres humanos. Lembro também das que permanecem lutando.
Lembro de nossa querida Salete ( já falecida) tão preocupada com a situação das mulheres, dos jovens de sua comunidade, lutadora até o fim.
Lembro de Penha,, sindicalista paraibana, que dizia assim "Só quem sofre é quem sabe a dor que sente"
Lembro das companheiras do movimento feminista negro brasileiro que tem travado lutas históricas em prol dos nossos direitos, do nosso reconhecimento, de nossa afirmação enquanto mulheres negras. Axé para todas.
Lembro ainda das mulheres negras da AMB e da campanha maravilhosa pelo fim da violência contra as mulheres negras.
Da Bamidelê, , recheada de mulheres guerreiras que tiveram e têm a ousadia de assumir a luta em nossa estado e está aí com uma campanha linda nas redes sociais ( Terlucia, Solange, Vania, Priscila, Penha, Mabel, Luana, Efu e todas as outras)
Em especial as trabalhadoras domésticas da Paraíba, que estão se organizando em associação e no Sindicato lutando pelo reconhecimento da categoria profissional e pelos seus direitos. Um grande abraço para a Dalva, trabalhadora doméstica ( que se foi dessa vida) mas virou estrela no firmamento.
Lembro também das minhas manas de sangue ( Nena, Iza, Bel), minha filha (que se afirma negra desde a infância) e de minha avo minha avó paterna. 
Hoje e SEMPRE é nosso dia, de luta, estamos aqui nos afirmando e combatendo o racismo e o sexismo cotidianamente e coletivamente. 

Axé!    
    

sábado, 21 de julho de 2012

Relatório da OIT revela desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho


 Por Mabel Dias

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou nesta sexta-feira (20), o relatório Perfil do Trabalho Decente no Brasil – Um Olhar sobre as Unidades da Federação”, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Censo Demográfico de 2010 e de outros registros administrativos e estatísticas oficiais, que apresenta informações inéditas sobre as 27 Unidades da Federação do país.
O relatório constitui a segunda edição do Perfil do Trabalho Decente no Brasil. Ele se refere predominantemente à segunda metade dos anos 2000, mas inclui também diversos indicadores para os anos de 2010 e 2011

De acordo com a pesquisa, o Brasil registrou avanços significativos em diversas áreas do trabalho decente nos anos recentes, mas ainda persistem inúmeros desafios e desigualdades regionais de gênero e raça. Em função do aumento do emprego formal e das políticas de inclusão previdenciária, a Taxa de Formalidade evoluiu de 48,4% para 50,6% entre 2004 e 2006, ano em que, pela primeira vez, mais da metade dos trabalhadores e trabalhadoras passou a ocupar um posto formal de trabalho. Essa tendência de crescimento se manteve durante os anos subsequentes e alcançou 54,3% no ano de 2009, não sendo nem sequer afetada pela crise financeira internacional. No entanto, mantinham-se importantes desigualdades regionais: a taxa de formalidade se aproximava aos 70,0% entre a população trabalhadora de São Paulo (69,1%), Distrito Federal (69,0%) e Santa Catarina (68,8%), mas era de apenas 25,9% no Piauí e de 29,9% no Maranhão.

A Taxa de Formalidade entre as mulheres (50,7%) era inferior à observada entre os homens (57,0%). E mesmo diante da expressiva evolução de 39,6% para 46,8% entre 2004 e 2009 – que contribuiu para a redução da desigualdade por cor ou raça - a taxa correspondente aos trabalhadores negros (46,8%) ainda era muito inferior à dos trabalhadores brancos (61,9%). Entre as mulheres negras, a taxa era de apenas 42,5%, ou seja, quase 20 pontos percentuais inferior à dos homens brancos.

6,2 milhões de jovens (18,4%) não estudavam nem trabalhavam, em 2009. A análise deste indicador segundo uma perspectiva de gênero revela que a proporção de mulheres adolescentes e jovens que não estudavam nem trabalhavam (24,8%) era o dobro da proporção de homens na mesma situação (12,1%). A porcentagem era ainda mais elevada entre a juventude negra (20,4%) em comparação com a branca (16,1%), sendo que alcançava 28,2% entre as jovens negras, o que significa que aproximadamente uma entre cada três jovens mulheres negras se encontrava nessa situação.

Em três estados a proporção de jovens que não estudavam nem trabalhavam situava-se em torno de 25,0%: Pernambuco (25,7%), Alagoas (25,0%) e Amapá (24,6%). As menores proporções eram observadas em Santa Catarina (11,0%) e Piauí (14,0%).
Apenas 28,6% das trabalhadoras domésticas, em 2009, tinham a carteira de trabalho assinada. Em nenhuma das 27 Unidades da Federação, o percentual de trabalhadoras domésticas com carteira assinada alcançava 40,0%, sendo que as maiores porcentagens eram observadas em São Paulo (38,9%), Santa Catarina (37,6%) e Distrito Federal (37,0%). Por sua vez, em quatro UFs, esse percentual era inferior a 10,0%: Amazonas (8,5%), Ceará (9,3%), Piauí (9,7%) e Maranhão (6,7%). Vale enfatizar que entre as trabalhadoras domésticas negras essa proporção era ainda menor, chegando a apenas 6,3% no caso do Maranhão. 
As desigualdades raciais também estão no acesso à educação profissionalizante. Segundo os dados da pesquisa suplementar da PNAD referentes ao ano de 2007, 24,8% dos brancos frequentavam ou haviam frequentado anteriormente cursos de educação profissional em comparação aos negros, que correspondem a 19,8%. Este indicador também é expressivo entre mulheres brancas (24,4%) e mulheres negras (20,7%).

 

terça-feira, 17 de julho de 2012

Bamidelê promove atividades para celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra




Por Mabel Dias

O mês de julho marca para as mulheres negras uma data importante a ser celebrada: 25 de julho – Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe e o Dia de Tereza de Benguela.  A data foi instituída em 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latinoamericanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. A partir daí, o movimento de mulheres negras tem atuado para dar visibilidade à data, mostrando as condições de opressão de gênero e raça vivenciada pelas mulheres negras latino-americanas e caribenhas. Em 2009, no Brasil, através de projeto de lei da deputada Serys Slhessarenko, foi instituído o 25 de julho também como Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra, em reconhecimento a luta das mulheres negras brasileiras, e homenageando a líder quilombola do século XVIII, Teresa de Benguela, do Quilombo Quariterê, em Mato Grosso. Teresa de Benguela era considerada a Rainha Negra do Pantanal, ocupando o posto de chefia da estrutura político-administrativa, por ela criada.

História - Na Paraíba, desde 1999, que a data vem sendo comemorada. Em 2011, a Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba comemorou o 25 de julho juntamente aos seus 10 anos de existência e realizou uma mesa redonda com a médica e diretora da Organização de Mulheres Negras, Criola, da cidade do Rio de Janeiro, Jurema Werneck; a professora do curso de História da UFPB, Solange Rocha e a socióloga, Vânia Fonseca, para debater sobre os desafios da luta antirracista e antisexista na Paraíba. A exposição “Visões Negras – simbologias, histórias e trajetórias”, contou, através de fotos, toda a história da Bamidelê nestes dez anos de combate ao racismo e ao sexismo no estado da Paraíba.

Em 2012, a Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba promove, desde o dia 15, atividades de celebração ao dia 25 de julho. A primeira delas foi a oficina de fotografia “Olhares de Caiana”, direcionada para jovens e mulheres da comunidade quilombola, Caiana dos Criolos, localizada na cidade de Alagoa Grande. A oficina foi ministrada pela estudante de fotografia, Ana Dindara e teve como objetivo mostrar a realidade do local através dos olhares de seus/suas próprias/os moradores/as. No dia 26, a advogada, sócia colaboradora da Bamidelê e assessora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), Luana Natielle Basílio, ministra a roda de diálogo “Direito e Negritude”, dentro da programação do 33º Encontro Nacional de Estudantes de Direito, que será sediado em João Pessoa. E, finalizando, a programação do 25 de julho - Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, em João Pessoa, acontece no dia 31, a mesa redonda “Gênero e Diáspora Africana: marcos legais, educação antirracista e saberes negros”, com as professoras universitárias Zelma Madeira (UECE) e Marluce Pereira (NEABI/UFPB).

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sábado, 14 de julho de 2012

"Olhares de Caiana", a perspectiva de uma comunidade quilombola sobre sua realidade

Por Priscila Estevão
 
A Bamidelê estará realizando neste dia 15/07, na comunidade quilombola de Caiana dos Crioulos, em Alagoa Grande/PB, a oficina de fotografia “Olhares de Caiana”, ministrada por Ana Dindara, estudante de fotografia. O objetivo da atividade é o de mostrar a realidade quilombola através dos olhares de suas/seus próprias/os moradoras/es.

Caiana dos Crioulos tem 90% de seus habitantes com ancestralidade africana. Segundo a Fundação Cultural Palmares, é nacionalmente reconhecida como um dos 33 legítimos quilombos paraibanos, preservando a garra, a cultura, os costumes e a força de suas mulheres através da música e das danças de ciranda e de coco de roda, além de outras manifestações folclóricas.

Por ser um quilombo paraibano de tradição, com uma cultura muito própria, Caiana sempre é visitada por vários pesquisadores/as e interessados/as pela temática, que colocam para a sociedade a realidade da comunidade através de seus próprios olhares e conclusões de pesquisa. Essas visitas e estudos têm contribuído bastante para o reconhecimento e a valorização da cultura e dos costumes da comunidade quilombola, mas, ainda assim, são os olhares de terceiros.

Com objetivo de fazer com que as mulheres de Caiana dos Crioulos sejam protagonistas no retratar a realidade de sua própria comunidade, a oficina “Olhares de Caiana” foi uma ideia coletiva que visa mostrar através da fotografia toda a dinâmica e o cotidiano dessa cultura de resistência histórica. O momento será para que essas mulheres tenham noções básicas para se registrar uma imagem através dos recursos disponíveis na comunidade. O resultado final dessa oficina será lançado no mês da Consciência Negra.

A ocasião faz parte do conjunto de atividades da Bamidelê em comemoração ao 25 de julho - Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe e Dia de Tereza Benguela - e conta com a parceria da Associação de Mulheres Negras de Caiana dos Crioulos (AMNCC) e o apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE).

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Inscrições para Prêmio Nacional Abdias Nascimento se encerram dia 31 de julho

Dia 31 de julho é o último dia para as inscrições na 2ª edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento. Jornalistas de todo Brasil que publicaram ou veicularam reportagens entre 1º de maio de 2011 e 31 de julho de 2012 podem concorrer. Serão aceitos trabalhos veiculados em emissoras brasileiras de televisão ou rádio, na mídia impressa, na internet e na mídia alternativa ou comunitária. Repórteres da imagem também podem participar.

O prêmio distribuirá R$ 35 mil para os vencedores de sete categorias: Mídia Impressa, Televisão, Rádio, Internet, Mídia Alternativa ou Comunitária, Fotografia e a Categoria Especial de Gênero, conforme regulamento. As inscrições devem ser feitas pelos próprios autores através do site www.premioabdiasnascimento.org.br.
 
O objetivo da premiação é valorizar a cobertura jornalística qualificada sobre temas relacionados à população negra. A ideia é estimular trabalhos que promovam a igualdade racial na mídia. Esta bandeira é defendida, há dez anos, pelos jornalistas que integram o movimento das Cojiras (Comissões de Jornalistas Pela Igualdade Racial) em todo o país.
 
Os interessados podem acessar a ficha de inscrição e o regulamento no site da premiação. Na página, estão também disponíveis informações sobre quem foi Abdias Nascimento, sobre as Cojiras, uma reflexão sobre a questão racial na mídia, além de notícias sobre a premiação e um vídeo-documentário lançado em sete cidades brasileiras mostrando como foi a noite de entrega do prêmio no Teatro Oi Casa Grande, em 2011. 
 
O Prêmio Jornalista Abdias Nascimento é uma iniciativa da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), vinculada Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ).  E conta com o apoio Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e do Centro de Informações das Nações Unidas (ONU). O patrocínio é da Fundação Ford, Fundação W. K. Kellogg e da Oi.
 
Informações: premioabdiasnascimento@gmail.com
 
 
 
 
 

Pesquisadores negros se encontram em Florianópolis para debater os desafios da luta antirracista


Os desafios da luta antirracista no século XXI. Este é o tema do VII Congresso de Pesquisadores/as Negras/os, (COPENE) que será realizado de 16 a 20 de julho, na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina. 

O VII COPENE tem como principal objetivo promover discussões sobre os processos de produção e difusão de conhecimentos ligados às lutas históricas empreendidas pelas populações negras nas diversas esferas institucionais e áreas do conhecimento. 

A iniciativa é da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) – ABPN, e organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Instituto de Estudos Culturais Luisa Mahin, União de Negros pela Igualdade de Santa Catarina (Unegro), e Coordenadoria de Políticas de Promoção da  Igualdade Racial da Prefeitura Municipal de Florianópolis, com apoio da  Rede Internacional de Estudos Africanos e da Diáspora (READI). 

 Vinte e quatro simpósios temáticos fazem parte da programação do evento, entre eles, Pan-africanismo nas Américas; Identidades e identificações; Saúde da população negra; Diversidade, relações de gênero e sexualidade e Direitos Humanos e justiça. O vice-presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) – ABPN e Pró-reitor de Extensão, Cultura e Comunidade da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Paulino Cardoso, explica que os simpósios temáticos serão espaços para apresentação e discussão de pesquisas concluídas ou em estágio avançado de realização sobre um mesmo tema.

Entre as atrações da programação do VII Copene estão conferencistas como Kabengele Munanga, da Universidade de São Paulo (USP), Elika M’Bokolo, da República Democrática do Congo, e Shirley Campbell Barr, da Costa Rica.

A programação artístico-cultural contará com exposições de artes plásticas e visuais, mostra fotográfica, mostra de vídeo, festas temáticas, feira com exposição de livros e venda de produtos afros, atrações artístico-culturais com performances de dança, música, teatro, capoeira e maracatu, além de atividades comemorativas em alusão aos 150 anos de nascimento do poeta Cruz e Souza.

O VII Congresso de Pesquisadores/as Negras/os 2012 homenageia as lideranças negras, Lélia Gonzalez (in memorian), Abdias Nascimento (in memorian), e Vicente Francisco do Espírito Santo.

Mais informações, acesse o site do Congresso, no seguinte endereço eletrônico:  www.abpn.org.br/copene.

terça-feira, 10 de julho de 2012

A imprensa, o negro e a mídia no Brasil





A professora de Ensino de História e doutoranda pela Unicamp, Giovana Xavier, estudiosa da imprensa negra no Brasil, analisou jornais produzidos desde o final do século 19 até os anos 1960. Em sua pesquisa, Giovana encontrou aproximadamente 38 jornais publicados entre 1889 e 1963, feitos exclusivamente por pessoas negras. Segundo ela, a diferença dos jornais da imprensa negra para os outros é que eles narram os fatos com um viés racial explícito. “Em São Paulo houve a maior incidência desses jornais. Só de 1889 a 1932 surgiram 25”, contou.

Giovana foi incisiva ao falar sobre o tratamento que a mídia dá aos negros. “Não acho que o negro é silenciado na mídia, acho que ele é escrachado nessa mídia. E por causa desse escracho as crianças negras se sentam no final da sala de aula ou às vezes nem vão à aula quando o tema é escravidão. Eu fui uma dessas crianças”, frisou. Lembrando do legado que imprensa negra deixou, Giovana questionou o fato de continuarmos a discutir a questão do negro e da homossexualidade apenas em datas comemorativas. “Temos que pensar de outra forma e incorporar isso no cotidiano”, concluiu.

O cineasta Joel Zito Araújo é uma das referências quando se fala da maneira que o negro é retratado pela mídia brasileira. A pesquisa de Joel Araújo, nesta área, gerou o documentário “A negação do Brasil”, dirigido por ele, e o livro, também de sua autoria, “A negação do Brasil – O negro na telenovela brasileira”, Joel contou que desde um pouco antes de 1964 até 1998 um terço das novelas não mostrou nenhum negro. Entre as que mostraram, 75% fizeram isso de maneira negativa.

Para produzir a pesquisa mais recente “Onde está o negro na TV pública?”, que gerou o seu último livro “O Negro na TV pública”, Joel Zito e equipe gravaram uma semana de programação da TV pública no Brasil. No levantamento aferiram que 82% da programação não trouxe qualquer menção aos negros. Apenas em 0,9% da programação o programa foi dedicado ao negro e à cultura negra. Dos apresentadores de telejornais, 89% eram eurodescendentes, 6,2% afrodescendentes e uma parcela perto de 4% não estava em nenhuma dessas categorias. “Me assustei ao perceber que a TV Globo incorporava mais o negro do que a TV pública naquele momento”, relatou.

Ele atribui essa baixíssima inserção do negro ao imaginário racial do brasileiro. “Nós não superamos nossa mentalidade colonizada e o ideário da elite no final da escravidão que proclamava para todos os quatro cantos que o desejo nacional era fazer desse país um país branco”, opina. De acordo com Joel, apenas na segunda parte dos anos noventa começa-se a incorporar os atores negros como bonitos. Para ele, o que justifica o tabu é a persistência do ideário do branqueamento e de um medo que as elites brasileiras têm de que esta maioria da população assuma a consciência na negritude, que virá junto com a consciência de direitos, e questione o que chamou de sistema de castas, nossa patente desigualdade. “Temos uma armadilha imaginária que é reforçada pela mídia, pela escola e pela violência racial de fazer com que aqueles que estão na base da pirâmide social entendam que essa desvantagem em que ele vive é um resultado natural por ele ter nascido assim”, criticou.

Com informações de Marina Schneider