quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A trajetória da Campanha "Moren@, não. Eu sou Negr@!"

Imagem com panfletos de todas as edições da Campanha
No dia 10 de dezembro é comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data, instituída em 1950, é mais que comemorativa, pois desde a sua criação ela objetiva lembrar a todos os povos que a efetivação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e todos os preceitos estabelecidos nela só podem ser efetivados com uma colaboração coletiva. Entre os trinta artigos presentes no documento direitos básicos como liberdade, educação, respeito, não discriminação, e outros, buscam garantir vida digna para todos habitantes de várias nações.
Presentes nesta Declaração também estão contidos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas negras. Tendo em vista o longo caminho a ser percorrido na busca pelo cumprimento a essas normas, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – UNESCO estabeleceu a Década Internacional de Afrodescendentes. O decênio vigorará de 2015 a 2024. O objetivo da organização é promover o reconhecimento de pessoas negras na formação social, na sociedade e propor políticas públicas para a sua inclusão, além de enfrentar todas as formas de racismo, discriminação racial, xenofobia e qualquer tipo de intolerância relacionada.
A colaboração de todos os sujeitos sociais é de suma importância para a promoção de todas essas medidas, com isso a Bamidelê - Organização de Feministas Negras também se torna agente articulador nesse intuito por meio de suas ações políticas. A imagem no topo do texto se refere a Campanha de Identidade Racial da BAMIDELÊ, e apresenta conteúdos políticos que simbolizam a luta por políticas públicas que atendam as demandas da população brasileira, sobretudo, as pessoas com ascendência africana.
A Bamidelê, desde a sua fundação, em 2001, vem trabalhando em parceria com o Movimento Negro e o Movimento Feminista da Paraíba, por meio de ações educativas, como oficinas, seminários, fóruns, mobilizações, participação em órgãos de controle social, produção de conhecimentos e outros eventos políticos, procurando sempre despertar a reflexão sobre as relações raciais e contribuir com construção da identidade racial. Desta forma, a partir da invisibilidade da identidade racial da população negra na Paraíba, em 2009, a Bamidelê lançou a campanha “Moren@, não. Eu sou Negr@!”. Tal campanha foi idealizada, produzida e lançada pela Bamidelê- Organização de Mulheres Negras na Paraíba. A campanha obteve resultados positivos, muito além do esperado, e hoje, 2015, está na sua IV Edição, levando para a sociedade o debate acerca do racismo no Brasil, e em especial na Paraíba, visando contribuir com a eliminação do racismo, do sexismo e da opressão de classe. Busca também o empoderamento de mulheres e jovens negras paraibanas, para que estas atuem de forma autônoma na efetivação de seus direitos.

           História da Campanha de Afirmação da Identidade Negra na Paraíba: Moren@ , não. Eu sou Negr@
Panfleto da primeira edição da Campanha 
A trajetória desta Campanha teve início no dia 30 de julho de 2009, como uma das atividades alusivas ao Dia das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, comemorado no dia 25 de julho. Esta data política tem como objetivo dar visibilidade sobre cerca de 25% das mulheres que compõem essa parcela da população do continente americano, objetivando o seu reconhecimento e o seu fortalecimento político para garantir a efetivação de políticas públicas que atendam às suas demandas específicas.
A campanha de Identidade Negra foi composta de seis vídeos (depoimentos/spot de pessoas negras), com cartazes, bottons, adesivos, panfletos e camisetas.
Blitz Étnica na Estacão Ferroviária
Em outubro do mesmo ano, as ativistas da Bamidelê desdobraram a Campanha de Promoção da Identidade Negra na ação denominada Blitz Étnica. Assim, foi realizada uma mobilização pública na Estação Ferroviária de João Pessoa e no Terminal de Integração dos ônibus interurbanos da capital com o objetivo de  gerar questionamento e inquietação sobre o racismo. Durante a ação foram entregues Panfletos acompanhados de indagações como: “Você acha que existe racismo no Brasil e na Paraíba? Já viveu e presenciou alguma situação de racismo?”
Esta ação de caráter educativo teve o objetivo de chamar a atenção da população que circulava por aqueles espaços públicos, sobre as relações raciais como o racismo, a discriminação e o preconceito racial, presentes na sociedade brasileira. Mas por que Blitz Étnica? O objetivo foi para se contrapor às blitz realizadas por policiais que, em geral, abordam @s negr@s de forma truculenta e desrespeitosa.
 A Campanha “Moren@, não. Eu sou negr@!” nasceu, então, com o objetivo de refletir sobre as relações raciais no Brasil, em especial na Paraíba, colaborar com a formação da identidade racial – aumentar a autodeclaração da pessoa negra, e dessa forma afirmar sua ancestralidade africana.
A Campanha de Afirmação da identidade racial Moren@, não. Eu sou Negr@! se configura como uma ação de enfrentamento ao racismo contemporâneo e foi criada, inicialmente, como uma ação temporária, porém em razão da repercussão tornou-se assim uma ferramenta permanente, e, é frequentemente vista nos eventos políticos da Bamidelê. É possível acessar todos os vídeos que estão disponível no Youtube da através do link https://www.youtube.com/watch?v=Bq1WCgVtotM.

Convidamos você a permanecer conosco e aguardar os próximos capítulos desta história que será contada durante o mês de dezembro de 2015.

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