quarta-feira, 31 de outubro de 2012

PB: IV Seminário Nacional de Estudos Culturais Afro-Brasileiros fomenta discussões sobre literatura africana e da diáspora

O evento, cujo tema é Literatura, Memória e História, homenageia grandes nomes da cultura afroparaibana do século XIX: Chica Barrosa, a "rainha do repente", e Inácio da Catingueira, o "gênio escravo".

Por Priscila Estevão, correspondente paraibana do Correio Nagô e assistente de comunicação na Bamidelê.

Acontece essa semana em João Pessoa, de 30 de outubro a 01 de novembro, na Universidade Federal da Paraíba – Campus I, o IV Seminário Nacional de Estudos Culturais Afro-Brasileiros. Dando sequência a uma proposta que ocorre desde 2005, o evento tem o intuito de promover discussões sobre história, literaturas africanas e da diáspora negra, educação, ações afirmativas e relações étnico-raciais. A parceria com o NEABI/UFPB e com a Bamidelê também resultou na realização da I Semana Afroparaibana para o mesmo evento.

Seguindo as três primeiras edições, o seminário nacional faz homenagens a poetas e romancistas negros, considerados personalidades da cultura e das artes no Brasil, a exemplo de Carolina Maria de Jesus, Grande Otelo, Lima Barreto, Oliveira Silveira e José Tenreiro, homenagiados nas anteriores. A edição desse ano é dedicada aos poetas populares paraibanos do século XIX: Chica Barrosa, repentista filha de escravos, conhecida como a “rainha negra do repente”; e Inácio da Catingueira, cantador do sertanejo, conhecido como o “gênio escravo”.

Além das conferências, mesas redondas, apresentações de comunicações e painéis, os participantes também poderão se inscrever nos minicursos Direitos Humanos, População Afro-Paraibana e Mulheres Negras e Educação e Ações Afirmativas e Relações Étnico-Raciais.

Para a professora da UFPB, Ana Cristina Marinho Lúcio, uma das organizadoras do evento, o seminário assume uma característica interdisciplinar no que diz respeito à formação acadêmica, agrega a militância negra aos estudos acadêmicos, além de fomentar pesquisas com essa temática.

Com relação a I Semana Afroparaibana que acontece dentro deste seminário, o NEABI/UFPB tem como objetivo difundir conhecimentos acerca da população afroparaibana; sensibilizar, informar e formar educadoras/es, graduandos/os, e outros públicos, sobre a Lei 10.639/03 (História da África e da Cultura Afrobrasileira); e também propiciar debate entre os NEABs das universidades da Paraíba e de outros estados do Brasil.

Fonte: Correio Nagô

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Bamidelê faz assembleia geral para avaliação e eleição de nova diretoria

No último sábado (20), a Bamidelê - Organização de Mulheres Negras na Paraíba reuniu-se em assembleia geral para discutir questões de ordem institucional. A pauta girou em torno da apresentação e avaliação das ações no biênio 2010-2012 e discussão sobre o estatuto da Bamidelê, assim como também para eleger a nova composição da diretoria e coordenação executiva da organização, que ficou a seguinte:

Diretoria:
Ivonildes da Silva Fonseca (diretora)
Creusa Maria de Sousa (vice diretora)

Coordenação executiva:
Terlúcia Maria da Silva
Solange Pereira da Rocha

Conselho fiscal:
Edilene da Silva Santos
Josélia Ramos da Silva
Margarida Magalhães Guimarães

Abaixo, algumas fotos da assembleia geral.




Diretoria, coordenação executiva e conselho fiscal eleitos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Avanço: Dilma assina decreto de regulamentação das cotas nas instituições de ensino superior

Por Priscila Estevão e Terlúcia Silva

Esta semana, mais precisamente na última segunda feira (15), a Presidenta Dilma Rousseff publicou em diário oficial a assinatura do decreto 7.824/12 que regulamenta a Lei de Cotas e a portaria normativa do Ministério da Educação com informações complementares sobre a nova legislação. O decreto garante reserva de 50% das vagas em todos os cursos das universidades e institutos federais de educação a estudantes advindos integralmente de escolas públicas, levando em consideração a renda familiar e a cor ou raça dos candidatos.

Assunto considerado bastante polêmico, a adoção do sistema de cotas em instituições federais de ensino superior ainda divide opiniões no que diz respeito a ser ou não a favor da adoção dessas novas medidas. Porém, nesse debate os discursos do “contra” ou “a favor” estão superados e a assinatura do decreto só coloca o país no rol dos países que reconhece que as oportunidades de ingresso no ensino superior não tem sido igual para todos os grupos sociais e raciais, além de reafirmar a luta histórica dos movimentos negros no país em busca superação das desigualdades raciais, sobretudo, no campo da educação.

Tais medidas são legais e estão previstas em instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos, como na Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial que prevê no § 2 do artigo 2º que “Os Estados Membros tomarão, se as circunstâncias o exigirem, nos campos social, econômico, cultural e outros, medidas especiais e concretas para assegurar, como convier, o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos, com o objetivo de garantir-lhes, em condições de igualdade, o pleno exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais”.  E reconhecidas, em âmbito nacional como medidas constitucionais pelo STF – Supremo Tribunal Federal, em 26 de abril deste ano.

Muitos colocam como argumento principal que a implementação desse tipo de sistema na educação brasileira representará uma queda no "padrão acadêmico" por causa da "má formação" dos ingressos. No entanto, já existem pesquisas que apontam o bom desempenho de alunos cotistas no ensino superior (1ª turma de cotistas da UERJ). 

De fato, o objetivo principal das cotas não é melhorar a universidade, mas sim o de tentar democratizar o acesso e isso é o que parece que ainda não está sendo absorvido por uma grande parte da sociedade brasileira.

Jorge Werthein, presidente do Centro Braileiro de Estudos Latino-Americanos afirma em seu artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo (30-08-2012) que:

"A América Latina é a região mais desigual do planeta e o Brasil, o terceiro mais desigual entre esses países. A educação não está imune a essa desigualdade e estamos tentando corrigir isso e aumentar a qualidade. Temos evidências de que aqueles que já ingressaram nas universidades por cotas estão com rendimento comparável ao dos demais. É hora de concentrar esforços para que a lei tenha o melhor impacto. É fundamental que as universidades tenham um programa de apoio para os ingressantes. Mas não só para os cotistas: o ingresso dos alunos está marcado por grandes deficiências, sejam eles de escolas públicas ou privadas".

Dialogando com a opinião acima citada, a professora Surya Pombo do Centro de Educação (e NEABI)da UFPB, também expõe sua opinião a favor das cotas, enfatizando a questão racial:

“Pesquisas diversas demonstram que a universidade publica brasileira é desigual, pois excluiu setores da sociedade como negros, indígenas, alunos de escolas públicas, etc. É para tentar reverter esse quadro que as ações afirmativas são essenciais. As cotas são um tipo de ação afirmativa, inicialmente relacionadas com os processos de ingresso na universidade. No entanto, o ingresso não resolve todos os problemas, pois a permanência também precisa ser levada em consideração, para que as cotas façam funcionar uma universidade democrática, plural.”, afirma.

Enfatiza-se que as cotas são medidas especiais e temporárias tomadas pelo Estado, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de reduzir desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros. Portanto, representam um avanço no que diz respeito principalmente ao desenvolvimento social do país como um todo, significando, sobretudo, um passo em direção a superação do racismo, ampliando possibilidades reais de alteração na vida das pessoas que acessarão tal medida.

A universidade vai ser reflexo da sociedade. Este é um grande passo para a democratização do ensino superior no Brasil.

“Ôôôô, o filho do pedreiro vai poder virar doutor...”

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Campanha Mulheres e Direitos será lançada nesta terça (9/10) em Brasília

Iniciativa é resultado de uma parceria entre a UNAIDS, União Europeia, UNFPA e ONU Mulheres
Inéditos no país, filmes da campanha estarão disponíveis em português, inglês, espanhol e, pela primeira vez, em tikuna, idioma de 30 mil indígenas brasileiros


Brasília - Segundo dados do Governo Federal, estima-se que mais de 630 mil pessoas vivam com HIV/Aids no Brasil. Dentre outros aspectos, a violência contra a mulher é um fator acrescido de vulnerabilidades ao HIV e a outras Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Como objetivo principal de contribuir para a conscientização da população brasileira sobre redução da violência contra a mulher, a promoção da equidade de gênero e da saúde feminina, a Campanha Mulheres e Direitos vai ser lançada nesta terça-feira (09/10), às 16h30, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília. O eixo Violência e HIV, segunda edição da campanha Mulheres e Direitos, éo resultado de uma parceria entre a UNAIDS – Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/ Aids, a União Europeia, o UNFPA – Fundo de População das Nações Unidas, e a ONU Mulheres – a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, e conta com o apoio da Presidência da Câmara dos Deputados para o lançamento.

No evento serão apresentados os produtos de divulgação da campanha: spots de rádio, folder, DVDs, painéis de pano e filmes para TV, que mostram situações baseadas em fatos reais. O material estará disponível em português, inglês, espanhol e, pela primeira vez, também em tikuna– idioma indígena falado por mais de 30 mil pessoas no Brasil.


Lançamento da Campanha Mulheres e Direitos – Violência e HIV
09 de outubro de 2012, terça-feira, às 16h30
Salão Nobre da Câmara dos Deputados
Palácio do Congresso Nacional - Praça dos Três Poderes - Brasília - DF