quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Com a IV Edição da Campanha “Morena, não. Eu sou Negr@!”, a Bamidelê promoveu Prêmio Estadual de fotografia e premiou quatro mulheres.
Foto: Kleide Teixeira - 1° Lugar Categoria Profissional
Ao longo das três Edições da Campanha de Afirmação da Identidade Negra na Paraíba, "Moren@, não. Eu sou negr@!", a Bamidelê vem promovendo ações de enfrentamento ao racismo e ajudando na construção desta identidade. Desde a sua fundação, em 2001, a organização tem atuado politicamente, em parceria com o Movimento Negro e com o Movimento Feminista do estado, na construção de uma nova sociedade, livre de racismo, de sexismo e da opressão de classe, buscando o empoderamento de mulheres e jovens e a visibilidade de mulheres negras, em especial às que residem na Paraíba.
Foto: Sumaia Baptista - 1° Lugar Categoria Amadora
Nesse sentido o Prêmio Estadual de Fotografia “Mulheres Negras em Foco: Um clique contra o racismo", em 2015, foi um marco e teve por finalidade evidenciar a diversidade de mulheres negras paraibanas, destacando representações positivas desse sujeito político. Foi também uma oportunidade de homenagear lutas de mulheres negras que viveram no passado, como Gertrudes Maria, escravizada, que protagonizou uma ação na justiça para manter a sua liberdade e autonomia, mesmo que parcial, na capital da Paraíba do século XIX. A “Negra do Tabuleiro”, como era conhecida, enfrentou a batalha judicial pela própria liberdade durante 14 anos – de 1828 a 1842. Sua história representa as lutas de muitas outras mulheres escravizadas de várias regiões do Brasil. Suas ações políticas colaboraram tanto para a deslegitimação do escravismo quanto por redefinir suas condições sociais e jurídicas ao atuar por expugnar a liberdade nas brechas do sistema escravista, usando suas astúcias e conquistando novos espaços na sociedade no século XIX. 

A premiação aconteceu na Usina Cultural Energisa e contou com apresentações musicais do Grupo AjaMulher e show de samba da cantora Dandara Alves. O concurso objetivou estimular a produção fotográfica feminina e o incentivo as artes, convidando mulheres fotógrafas – nas categorias profissionais e amadoras – a voltar suas lentes para o registro positivo desta diversidade, apresentando representações sociais que valorizem a história e cultura deste segmento social que historicamente tem sido excluído e estigmatizado.
Foto: Nih Fernandes - 2° Lugar Categoria Profissional
O lançamento oficial da IV Edição da Campanha foi realizado em maio de 2015, na Usina Cultural Energisa, com Mesa de Diálogos sobre Mídia e Mulheres Negras e também a apresentação de resultados de pesquisa sobre as mulheres negras na mídia. Durante o evento foi destacado as atividades preparatórias para garantir a participação da Paraíba na Marcha das Mulheres Negras 2015, que ocorreu em novembro na capital do Brasil, Brasília/DF. Ainda contou com apresentações artísticas, a exemplo de performance teatral sobre Gertrudes Maria e a premiação das quatro vencedoras do Prêmio Estadual de Fotografia, como podemos observar nas fotografias que ilustram o texto.
Outras atividades foram realizadas ao longo de 2015,  como Ciclo de Oficinas Enegrecendo a Pauta, realizado com Comunicadoras/es, educadoras/es e estudantes de comunicação, no mês de junho. A Formação abordou conteúdos sobre as relações raciais, apresentando novas imagens sobre as pessoas negras, visando superar as representações estereotipadas e estigmatizadas, sobretudo, de mulheres negras na mídia. A Bamidelê também busca, através de suas ações, a visualidade dos fatos que envolvem as questões raciais, seja em âmbito local, nacional, ou mesmo internacional.
Foto: Sonia Aguiar -  2° Lugar Categoria Amadora 
Em resumo, a campanha “Moren@, não. Eu sou negr@!” vem prestando um grande contributo a toda sociedade, e em especial às pessoas que buscam o reconhecimento de sua ancestralidade africana. A construção da identidade negra no Estado, assim como em todo o Brasil, tem auxiliado no combate ao racismo, e vem ganhado cada vez mais espaço, por isso a Campanha de Afirmação na Paraíba tornou-se uma ação permanente da Bamidelê e continuará a difundir uma mensagem de reconhecimento da ancestralidade africana em área de diáspora, como é o caso do Brasil.

Não deixe de acompanhar as ações políticas dessa Organização de Mulheres Negras na Paraíba. 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015


“Moren@, não. Eu sou negr@!” no debate das cotas raciais

“Mais da metade da população brasileira se autodeclarou negra, preta ou parda no censo realizado pelo IBGE em 2010. Mas apenas 26 em cada 100 alunos das universidades do país são negros. Apesar de ainda muito inferior, o acesso da população negra ao ensino superior aumentou 232% na comparação entre 2000 e 2010. Os dados constam no infográfico Retrato dos negros no Brasil feito pela Rede Angola.”
Geledés, 2014

Após realizar a II Edição da Campanha de Afirmação da Identidade Negra no ano do Censo 2010, contribuindo assim para o aumento da autodeclaração da população negra, a Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba relançou a sua terceira versão em diferentes espaços públicos.
Um primeiro relançamento aconteceu no evento “Cotas e Cidadania – um direito seu”, realizado no dia 29 de março, na Universidade Federal da Paraíba, organizado pela BAMIDELÊ, em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI). O debate pautou a necessidade de se aperfeiçoarem políticas públicas no tocante a entrada e a permanência de cotistas no ensino superior, para superação da situação atual, referido na epígrafe deste texto, na qual dados do IBGE (2010) informam que, apesar da população negra representar mais de 50% de brasileiros(as), há uma subrepresentação no acesso as vagas de educação superior.
Sem dúvida, o aumento do número de matrículas de pessoas negras, ocorrido em dez anos – 2000 a 2010 –, resultado da aprovação das cotas sociais e raciais na maioria das Universidades brasileiras. Considerando os desafios colocados para ampliação da democratização do acesso as vagas nas universidades e visando expandir suas ações de afirmação da identidade negra, a Bamidelê reelaborou as imagens utilizadas na Campanha e inseriu-as em seus perfis nas redes sociais, como o twitter e o facebook e buscou dialogar com a comunidade universitária. Vale salientar que em todas as edições a Organização de Mulheres Negras na Paraíba também utilizou panfletos, adesivos, e vendas de camisas com o slogan “Moren@, não. Eu sou Negr@!”, como meios de divulgação.
A edição de 2012 da Campanha de Afirmação da Identidade Negra também foi marcada como uma das ações política do projeto “Yépada: mulheres negras na luta contra o racismo e na defesa dos direitos humanos”. Criado com o objetivo de afirmar o debate a respeito do atendimento às demandas e ao acesso aos direitos negligenciados a essa significativa parcela da população paraibana, o projeto foi iniciado em 2011 e no ano seguinte ainda estava em execução.
Com isso, a participação da “Moren@, não. Eu sou negr@!” nessa proposta foi de extrema importância, pois a construção e a afirmação da identidade negra é crucial para o enfrentamento às desigualdades sociorraciais, e sua terceira edição teve como principal finalidade fortalecer o debate público acerca desta temática, com o intuito de envolver todos e todas na luta antirracista e afirmar os Direitos Humanos na Paraíba.
E nos anos seguintes, você sabe como as ações estão sendo constituídas? Quer ficar informado sobre os próximos passos da Campanha? Então, não deixa de seguir o nossoblog. Em breve tem mais post.

sábado, 12 de dezembro de 2015


Bamidelê na luta pela autoafirmação da identidade negra no Censo 2010 
Durante o mês de dezembro de 2015, a Bamidelê - Organização de Mulheres Negras na Paraíba está mostrando a trajetória da Campanha “Moren@, nao. Eu sou negr@!”, e na última postagem podemos conhecer mais um pouco sobre o surgimento desta campanha que objetiva afirmar a identidade negra e refletir sobre o racismo no Brasil, em especial na Paraíba.
Em 28 de julho de 2010, teve início a segunda edição da Campanha de Afirmação da Identidade Negra e foi lançada sob o slogan No censo 2010, afirme sua negritude. O tema surgiu mediante a realização do recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) naquele ano, e devido a necessidade de estimular as pessoas a reconhecerem sua ancestralidade africana se autodeclarando como pretas ou como pardas, dentro das categorias raciais/cor do IBGE.
Com este objetivo, a Organização iniciou suas ações, criando o blog BAMIDELÊ NO CENSO, que podia ser acessado no endereço www.bamidelenocenso2010.blogspot.com.br, e durante dois anos foram veiculadas, notícias locais e nacionais, além de uma enquete com a seguinte pergunta: Você já recebeu um(a) recenseador(a) do IBGE em sua casa?
Nesta fase, a Organização também utilizou o youtube para potencializar a divulgação da Campanha de Afirmação da Identidade Negra. Uma série de vídeos, produzidos em 2009 com a participação de artistas, de profissionais liberais, de integrantes do Movimento Negro e do Movimento de Mulheres Negras na Paraíba, passaram a ser veiculados e compartilhados pelo youtube.   Os vídeos estão disponíveis no site de compartilhamentos, e podem ser acessados através do endereço www.youtube.com/watch?v=Bq1WCgVtotM.
A II Edição da Campanha de Afirmação da Identidade Negra na Paraíba foi lançada, mais uma vez, como uma das atividades alusivas ao Dia das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, comemorado no dia 25 de julho. O evento foi realizado na região central de João Pessoa/Paraíba.
É por meio destas iniciativas que a Organização de Mulheres Negras na Paraíba  vem pautando as questões raciais e de gêneros nos mais variados cenários do estado paraibano. Suas ações visam o enfrentamento ao racismo e o fortalecimento individual e coletivo para a ampliação dos Direitos Humanos, entre os quais os Direitos Sociais. Sendo que, com a II Edição da Campanha de Afirmação da Identidade Negra estimulou a autodeclaração da origem racial/ cor  no Censo 2010, positivando a presença de pessoas negras na sociedade brasileira.
Não deixe de acompanhar as ações da Bamidelê através da Campanha “Moren@ não. Eu sou negr@!”. A Organização ainda tem muito para contar! 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A trajetória da Campanha "Moren@, não. Eu sou Negr@!"

Imagem com panfletos de todas as edições da Campanha
No dia 10 de dezembro é comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data, instituída em 1950, é mais que comemorativa, pois desde a sua criação ela objetiva lembrar a todos os povos que a efetivação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e todos os preceitos estabelecidos nela só podem ser efetivados com uma colaboração coletiva. Entre os trinta artigos presentes no documento direitos básicos como liberdade, educação, respeito, não discriminação, e outros, buscam garantir vida digna para todos habitantes de várias nações.
Presentes nesta Declaração também estão contidos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas negras. Tendo em vista o longo caminho a ser percorrido na busca pelo cumprimento a essas normas, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – UNESCO estabeleceu a Década Internacional de Afrodescendentes. O decênio vigorará de 2015 a 2024. O objetivo da organização é promover o reconhecimento de pessoas negras na formação social, na sociedade e propor políticas públicas para a sua inclusão, além de enfrentar todas as formas de racismo, discriminação racial, xenofobia e qualquer tipo de intolerância relacionada.
A colaboração de todos os sujeitos sociais é de suma importância para a promoção de todas essas medidas, com isso a Bamidelê - Organização de Feministas Negras também se torna agente articulador nesse intuito por meio de suas ações políticas. A imagem no topo do texto se refere a Campanha de Identidade Racial da BAMIDELÊ, e apresenta conteúdos políticos que simbolizam a luta por políticas públicas que atendam as demandas da população brasileira, sobretudo, as pessoas com ascendência africana.
A Bamidelê, desde a sua fundação, em 2001, vem trabalhando em parceria com o Movimento Negro e o Movimento Feminista da Paraíba, por meio de ações educativas, como oficinas, seminários, fóruns, mobilizações, participação em órgãos de controle social, produção de conhecimentos e outros eventos políticos, procurando sempre despertar a reflexão sobre as relações raciais e contribuir com construção da identidade racial. Desta forma, a partir da invisibilidade da identidade racial da população negra na Paraíba, em 2009, a Bamidelê lançou a campanha “Moren@, não. Eu sou Negr@!”. Tal campanha foi idealizada, produzida e lançada pela Bamidelê- Organização de Mulheres Negras na Paraíba. A campanha obteve resultados positivos, muito além do esperado, e hoje, 2015, está na sua IV Edição, levando para a sociedade o debate acerca do racismo no Brasil, e em especial na Paraíba, visando contribuir com a eliminação do racismo, do sexismo e da opressão de classe. Busca também o empoderamento de mulheres e jovens negras paraibanas, para que estas atuem de forma autônoma na efetivação de seus direitos.

           História da Campanha de Afirmação da Identidade Negra na Paraíba: Moren@ , não. Eu sou Negr@
Panfleto da primeira edição da Campanha 
A trajetória desta Campanha teve início no dia 30 de julho de 2009, como uma das atividades alusivas ao Dia das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, comemorado no dia 25 de julho. Esta data política tem como objetivo dar visibilidade sobre cerca de 25% das mulheres que compõem essa parcela da população do continente americano, objetivando o seu reconhecimento e o seu fortalecimento político para garantir a efetivação de políticas públicas que atendam às suas demandas específicas.
A campanha de Identidade Negra foi composta de seis vídeos (depoimentos/spot de pessoas negras), com cartazes, bottons, adesivos, panfletos e camisetas.
Blitz Étnica na Estacão Ferroviária
Em outubro do mesmo ano, as ativistas da Bamidelê desdobraram a Campanha de Promoção da Identidade Negra na ação denominada Blitz Étnica. Assim, foi realizada uma mobilização pública na Estação Ferroviária de João Pessoa e no Terminal de Integração dos ônibus interurbanos da capital com o objetivo de  gerar questionamento e inquietação sobre o racismo. Durante a ação foram entregues Panfletos acompanhados de indagações como: “Você acha que existe racismo no Brasil e na Paraíba? Já viveu e presenciou alguma situação de racismo?”
Esta ação de caráter educativo teve o objetivo de chamar a atenção da população que circulava por aqueles espaços públicos, sobre as relações raciais como o racismo, a discriminação e o preconceito racial, presentes na sociedade brasileira. Mas por que Blitz Étnica? O objetivo foi para se contrapor às blitz realizadas por policiais que, em geral, abordam @s negr@s de forma truculenta e desrespeitosa.
 A Campanha “Moren@, não. Eu sou negr@!” nasceu, então, com o objetivo de refletir sobre as relações raciais no Brasil, em especial na Paraíba, colaborar com a formação da identidade racial – aumentar a autodeclaração da pessoa negra, e dessa forma afirmar sua ancestralidade africana.
A Campanha de Afirmação da identidade racial Moren@, não. Eu sou Negr@! se configura como uma ação de enfrentamento ao racismo contemporâneo e foi criada, inicialmente, como uma ação temporária, porém em razão da repercussão tornou-se assim uma ferramenta permanente, e, é frequentemente vista nos eventos políticos da Bamidelê. É possível acessar todos os vídeos que estão disponível no Youtube da através do link https://www.youtube.com/watch?v=Bq1WCgVtotM.

Convidamos você a permanecer conosco e aguardar os próximos capítulos desta história que será contada durante o mês de dezembro de 2015.