sábado, 31 de março de 2012

Superliga de vôlei é multada em 50 mil por racismo

Há um mês, uma torcedora do Minas gritou da arquibancada: "Vai lá, macaco
As ofensas racistas proferidas pela torcida do Minas ao oposto Wallace renderam ao clube de Belo Horizonte uma multa de R$ 50 mil. É a maior punição aplicada a um clube de vôlei em um caso de racismo --o Minas pode recorrer. Ocorrências anteriores desse tipo na Superliga nem chegaram a ser denunciadas ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
Há um mês, uma torcedora do Minas gritou da arquibancada: "Vai lá, macaco. Volta para o zoológico". Wallace, que defende o Cruzeiro, estava no saque neste exato momento e era um dos melhores jogadores da partida.
O grito foi captado pelo áudio da TV que transmitia a partida, que acabou com vitória de virada do Minas por 3 sets a 2 (20/25, 25/27, 25/23, 25/19 e 15/12). A partir dessa evidência, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) fez a denúncia ao STJD.
O Código Brasileiro de Justiça Desportiva prevê multa de até R$ 100 mil ao clube cuja torcida "praticar ato discriminatório (...) relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça (...)".
O tribunal julgou na manhã da quarta-feira o caso e decidiu aplicar metade da multa ao Minas.
Dias depois do caso de Wallace, a atleta cubana Daymi Ramirez, do Minas, disse ter sido vítima de insultos racistas por parte de torcedores do Rio do Sul, em Santa Catarina. A ofensa teria sido dirigida também para a sua companheira de equipe e compatriota, Yusleyni Herrera.
"Gente, estou muito triste e me sentindo muito mal. Um torcedor do Rio do Sul chegou perto da quadra, onde estávamos Herrera e eu para gritar na nossa cara: "Negras de merda, voltem para Cuba", escreveu Ramirez no Facebook após a partida.
O jogo não foi transmitido pela TV. Sem evidências da ocorrência do fato, a CBV não encaminhou a denúncia ao STJD.

DE VILÃO A VÍTIMA
No ano passado, um caso de homofobia na Superliga também rendeu outra multa de R$ 50 mil. Mas, neste caso, quem teve que arcar com os custos foi justamente o Cruzeiro, equipe de Wallace.
Na fase final da última temporada, a torcida cruzeirense, no ginásio de Contagem, chamou em coro o jogador Michael, do Vôlei Futuro, de "bicha".

FONTE: Portal Geledes

Movimentos sociais promovem ato antirracista em São Paulo

Na madrugada do último dia 17 de março, Ivan Romano, 43 anos, foi
brutalmente espancado por 2 indivíduos no Centro de Embu das Artes,
por puro RACISMO. Isso é inaceitável!

Embu das Artes está entre as 100 cidades com a maior população negra
em números absolutos, além de carregar o simbolismo da cultura negra
reconhecido nacionalmente e internacionalmente, principalmente pela
presença de Solano Trindade que escolheu nossa cidade para morar por
muitos anos.

O caso de Ivan infelizmente não é o único e desde o final do ano
passado tivemos casos emblemáticos com repercussão na grande mídia. No
início de dezembro de 2011, todos souberam do caso de Ester Elisa da
Silva Cesário, negra, de 19 anos, que trabalhava como estagiária no
Colégio Internacional Anhembi Morumb, até que sua chefe exigiu que
ela alisasse o cabelo para permanecer no emprego. Pouco depois, um
menino etíope, de seis anos, foi jogado para fora do restaurante Nonno
Paolo ao ser “confundido” com uma criança de rua.

Já no início deste ano, soubemos da lamentável história do jovem negro
Michel Silveira, que foi preso de forma irregular, ficando dois meses
encarcerado, acusado injustamente por um assalto, apesar de várias
testemunhas comprovarem que, na hora do roubo, ele estava em seu local
de trabalho.

No mesmo período, as imagens de outro jovem negro, Nicolas Barretos,
sendo agredido por um policial militar racista, dentro da USP,
ganharam as redes sociais expondo algo que já se sabe: a USP quer se
manter como um espaço da elite (ou seja, branco). E para tal, está,
inclusive, ameaçando de fechamento a principal entidade de combate ao
racismo no seu interior: o Núcleo de Consciência Negra.

Esses são alguns exemplos que tiveram repercussão, mas sabemos que o
Racismo permeia o cotidiano de nossa sociedade. 124 anos após a
abolição da escravatura, a população negra continua em situação de
maior vulnerabilidade social, ocupando os piores postos de trabalho,
com baixo acesso a universidade e sendo principal vítima da violência.

O mapa da violência 2011 aponta que a cada 3 jovens mortos 2 são
negros e que o assassinado de jovens brancos diminuiu em 23,3%,
enquanto dos jovens negros aumentou em 13,2%.

Neste sentido, casos como o de Ivan Romano são emblemáticos para que
possamos denunciar o Racismo e dialogar com a sociedade e,
principalmente, com as autoridades públicas a necessidade de políticas
efetivas de combate ao racismo.


EXIGIMOS UMA PUNIÇÃO EXEMPLAR AOS AGRESSORES!

Assinam:
Círculo Palmarino
Maria Mariá

Fora de Freqüência

Rede de Educação Cidadã

DJ Luiz Lobato - Projeto Mercado Hip Hop
King Nino Brown - Zulu Nation Brasil
Bob Controvérsia - MH2R Guarulhos
Jéssica Balbino - Jornalista (Minas Gerais)
Banda ZAPP COVER
Flash Rádio - Web Rádio
Banda Veja Luz
DJ Sandro Lobato - Projeto Mercado Hip Hop
Débora Lima - Estudante - liderança juvenil
Francisco Thales - Estudante - Liderança juvenil
André Henrique - Estudante - Liderança Juvenil
DJ Cacau - Bar do Cacau
MC Tunga - União Rap
DJ M3 - Equipe de som Big Black Music
DJ Marciano - Danceteria Black and White
W-Ton - ALOPRADOS - Equipe de Grapixo
Isael Alves - FRS
Patricia Sidéria Souza - Empresária (Balneário Cambouriú - SC)
Juliana Pas - Fisioterapeuta (Porto Alegre RS)
DJ Noh - Produtor Musical - (Capão Redondo)
Grupo Soul Lene - (Capão Redondo)

Guerrillero Kulto - Hiphoplogia (Chile)
Vanessa Zulu Ness - Zulu Nation (Califórnia EUA)
Mex Tape - MC (Califórnia EUA)
Jean Melesaine - Jornalista (Califórnia EUA)
Mc Yourekuba - Hip Hop (Califórnia)
Greg Jackson - Banda ZAPP - (OHIO EUA)
Woddy Funky - Talk box girl (Tokio - Japão)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Campanha de promoção da identidade negra é lançada pela Bamidelê

Por Mabel Dias

“Morena, não. Eu sou negra!” – Este foi o tema da Campanha de Promoção da Identidade Negra na Paraíba, lançada pela Organização de Mulheres Negras – Bamidelê, em 2009.
A campanha teve grande repercussão no estado e está sendo relançada nesta quinta-feira (29) pela entidade, dentro do seminário “Cotas e cidadania – um direito seu”, evento realizado em parceria com o Núcleo de Estudos Afro Brasileiros e Indígenas  (NEABI), no auditório do CCHLA, na Universidade Federal da Paraíba.  A campanha “Morena, não! Eu sou negra!” tem entre seus objetivos contribuir para a valorização da raça negra na Paraíba, através da afirmação da identidade de negras/os, como também ampliar o debate junto à sociedade sobre as relações raciais e a necessidade de políticas públicas que promovam a igualdade racial.
De acordo com o Mapa da População Preta e Parda no Brasil, com base em indicadores do Censo do IBGE de 2010, aumentou em 7,6 pontos percentuais o número de municípios onde nos domicílios há maioria de pretos e pardos – de 49,2% para 56,8%.
No Norte e no Nordeste, respectivamente, 97,1% e 96,1% dos municípios são formados por maioria preta e parda.  Na capital paraibana, 53,9% da população é composta de pretos e pardos, porém a presença de negros/as em espaços como universidades, parlamentos, órgãos públicos, não reflete esta realidade.
Para a coordenadora da Bamidelê, Terlúcia Silva, a pesquisa mostra que a Campanha “Morena, não! Eu sou negra!” promovida pela organização em 2009 pode ter contribuído para que a população paraibana respondesse ao Censo do IBGE 2010 afirmando sua identidade negra.
O coordenador da pesquisa do Mapa da População Preta e Parda no Brasil, Marcelo Paixão, reforça a fala de Terlúcia Silva. Para ele, os indicadores com base no Censo 2010 foram influenciados pelo processo de valorização da presença afrodescendente na sociedade brasileira e pela adoção das políticas afirmativas.
Cotas na universidade – O seminário “Cotas e cidadania – um direito seu”, terá início as 14h30 com a realização de rodas de diálogo. Em seguida, na praça da alegria do CCHLA, acontece a apresentação cultural do grupo de mulheres capoeiristas, e a noite, no auditório do CCHLA, o debate sobre a importância da adoção de políticas de ações afirmativas nas universidades públicas brasileiras, com o professor doutor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, João Feres. A UFPB adotou a política de cotas em 2010 e tem como proposta reverter o quadro de desigualdades educacionais e raciais entre negros e brancos, promovendo a inclusão social e garantindo o acesso a direitos previstos na Constituição Federal, como a educação pública e de qualidade.