A trajetória da Campanha "Moren@, não. Eu
sou Negr@!"
Imagem com panfletos de todas as edições da Campanha |
No dia 10 de dezembro é
comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data, instituída em
1950, é mais que comemorativa, pois desde a sua criação ela objetiva lembrar a
todos os povos que a efetivação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
e todos os preceitos estabelecidos nela só podem ser efetivados com uma
colaboração coletiva. Entre os trinta artigos presentes no documento direitos
básicos como liberdade, educação, respeito, não discriminação, e outros, buscam
garantir vida digna para todos habitantes de várias nações.
Presentes nesta Declaração também
estão contidos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas negras. Tendo em vista o longo caminho a ser
percorrido na busca pelo cumprimento a
essas normas, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
– UNESCO estabeleceu a Década
Internacional de Afrodescendentes. O decênio vigorará de 2015 a 2024. O
objetivo da organização é promover o reconhecimento de pessoas negras na formação social, na
sociedade e propor políticas públicas para a sua inclusão, além de enfrentar
todas as formas de racismo, discriminação racial, xenofobia e qualquer tipo de
intolerância relacionada.
A colaboração de todos os
sujeitos sociais é de suma importância para a promoção de todas essas medidas,
com isso a Bamidelê - Organização de Feministas Negras também se torna agente
articulador nesse intuito por meio de suas ações políticas. A imagem no topo do
texto se refere a Campanha de Identidade Racial da BAMIDELÊ, e apresenta
conteúdos políticos que simbolizam a luta por políticas públicas que atendam as
demandas da população brasileira, sobretudo, as pessoas com ascendência
africana.
A Bamidelê, desde a sua fundação,
em 2001, vem trabalhando em parceria com o Movimento Negro e o Movimento
Feminista da Paraíba, por meio de ações educativas, como oficinas, seminários,
fóruns, mobilizações, participação em órgãos de controle social, produção de
conhecimentos e outros eventos políticos, procurando sempre despertar a
reflexão sobre as relações raciais e contribuir com construção da identidade
racial. Desta forma, a partir da invisibilidade da identidade racial da
população negra na Paraíba, em 2009, a Bamidelê lançou a campanha “Moren@,
não. Eu sou Negr@!”. Tal campanha foi idealizada, produzida e lançada pela
Bamidelê- Organização de Mulheres Negras na Paraíba. A campanha obteve
resultados positivos, muito além do esperado, e hoje, 2015, está na sua IV
Edição, levando para a sociedade o debate acerca do racismo no Brasil, e em
especial na Paraíba, visando contribuir com a eliminação do racismo, do sexismo
e da opressão de classe. Busca também o empoderamento de mulheres e jovens
negras paraibanas, para que estas atuem de forma autônoma na efetivação de seus
direitos.
História da Campanha de Afirmação da Identidade
Negra na Paraíba: Moren@ , não. Eu sou Negr@
Panfleto da primeira edição da Campanha |
A trajetória desta
Campanha teve início no dia 30 de julho de 2009, como uma das atividades
alusivas ao Dia das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe,
comemorado no dia 25 de julho. Esta data política tem como objetivo dar
visibilidade sobre cerca de 25% das mulheres que compõem essa parcela da
população do continente americano, objetivando o seu reconhecimento e o seu fortalecimento
político para garantir a efetivação de políticas públicas que atendam às suas
demandas específicas.
A campanha de Identidade Negra
foi composta de seis vídeos (depoimentos/spot de pessoas negras), com
cartazes, bottons, adesivos, panfletos e camisetas.
Em outubro do mesmo ano,
as ativistas da Bamidelê desdobraram a Campanha de Promoção da Identidade Negra
na ação denominada Blitz Étnica. Assim, foi realizada uma
mobilização pública na Estação Ferroviária de João Pessoa e no Terminal de
Integração dos ônibus interurbanos da capital com o objetivo de gerar
questionamento e inquietação sobre o racismo. Durante a ação foram entregues
Panfletos acompanhados de indagações como: “Você acha que existe racismo no
Brasil e na Paraíba? Já viveu e presenciou alguma situação de racismo?”
Esta ação de caráter educativo
teve o objetivo de chamar a atenção da população que circulava por aqueles
espaços públicos, sobre as relações raciais como o racismo, a discriminação e o
preconceito racial, presentes na sociedade brasileira. Mas por que Blitz
Étnica? O objetivo foi para se contrapor às blitz realizadas
por policiais que, em geral, abordam @s negr@s de forma truculenta e
desrespeitosa.
A Campanha “Moren@, não. Eu
sou negr@!” nasceu, então, com o objetivo de refletir sobre as relações raciais
no Brasil, em especial na Paraíba, colaborar com a formação da identidade
racial – aumentar a autodeclaração da pessoa negra, e dessa forma afirmar sua
ancestralidade africana.
A Campanha de Afirmação da
identidade racial Moren@, não. Eu
sou Negr@! se configura como uma
ação de enfrentamento ao racismo
contemporâneo e foi criada, inicialmente, como uma ação temporária, porém em
razão da repercussão tornou-se assim uma ferramenta permanente, e, é
frequentemente vista nos eventos políticos da Bamidelê. É possível acessar
todos os vídeos que estão disponível no Youtube da através do link https://www.youtube.com/watch?v=Bq1WCgVtotM.
Convidamos você a permanecer
conosco e aguardar os próximos capítulos desta história que será contada
durante o mês de dezembro de 2015.
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