Com a IV Edição da Campanha “Morena, não. Eu sou Negr@!”, a Bamidelê promoveu Prêmio Estadual de fotografia e premiou quatro mulheres.
Foto: Kleide Teixeira - 1° Lugar Categoria Profissional |
Ao longo das três Edições da Campanha de Afirmação da Identidade Negra na Paraíba, "Moren@, não. Eu sou negr@!", a Bamidelê vem promovendo ações de enfrentamento ao racismo e ajudando na construção desta identidade. Desde a sua fundação, em 2001, a organização tem atuado politicamente, em parceria com o Movimento Negro e com o Movimento Feminista do estado, na construção de uma nova sociedade, livre de racismo, de sexismo e da opressão de classe, buscando o empoderamento de mulheres e jovens e a visibilidade de mulheres negras, em especial às que residem na Paraíba.
Foto: Sumaia Baptista - 1° Lugar Categoria Amadora |
Nesse sentido o Prêmio Estadual de Fotografia “Mulheres Negras em Foco: Um clique contra o racismo", em 2015, foi um marco e teve por finalidade evidenciar a diversidade de mulheres negras paraibanas, destacando representações positivas desse sujeito político. Foi também uma oportunidade de homenagear lutas de mulheres negras que viveram no passado, como Gertrudes Maria, escravizada, que protagonizou uma ação na justiça para manter a sua liberdade e autonomia, mesmo que parcial, na capital da Paraíba do século XIX. A “Negra do Tabuleiro”, como era conhecida, enfrentou a batalha judicial pela própria liberdade durante 14 anos – de 1828 a 1842. Sua história representa as lutas de muitas outras mulheres escravizadas de várias regiões do Brasil. Suas ações políticas colaboraram tanto para a deslegitimação do escravismo quanto por redefinir suas condições sociais e jurídicas ao atuar por expugnar a liberdade nas brechas do sistema escravista, usando suas astúcias e conquistando novos espaços na sociedade no século XIX.
A premiação aconteceu na Usina Cultural Energisa e contou com apresentações musicais do Grupo AjaMulher e show de samba da cantora Dandara Alves. O concurso objetivou estimular a produção fotográfica feminina e o incentivo as artes, convidando mulheres fotógrafas – nas categorias profissionais e amadoras – a voltar suas lentes para o registro positivo desta diversidade, apresentando representações sociais que valorizem a história e cultura deste segmento social que historicamente tem sido excluído e estigmatizado.
Foto: Nih Fernandes - 2° Lugar Categoria Profissional |
O lançamento oficial da IV Edição da Campanha foi realizado em maio de 2015, na Usina Cultural Energisa, com Mesa de Diálogos sobre Mídia e Mulheres Negras e também a apresentação de resultados de pesquisa sobre as mulheres negras na mídia. Durante o evento foi destacado as atividades preparatórias para garantir a participação da Paraíba na Marcha das Mulheres Negras 2015, que ocorreu em novembro na capital do Brasil, Brasília/DF. Ainda contou com apresentações artísticas, a exemplo de performance teatral sobre Gertrudes Maria e a premiação das quatro vencedoras do Prêmio Estadual de Fotografia, como podemos observar nas fotografias que ilustram o texto.
Outras atividades foram realizadas ao longo de 2015, como o Ciclo de Oficinas Enegrecendo a Pauta, realizado com Comunicadoras/es, educadoras/es e estudantes de comunicação, no mês de junho. A Formação abordou conteúdos sobre as relações raciais, apresentando novas imagens sobre as pessoas negras, visando superar as representações estereotipadas e estigmatizadas, sobretudo, de mulheres negras na mídia. A Bamidelê também busca, através de suas ações, a visualidade dos fatos que envolvem as questões raciais, seja em âmbito local, nacional, ou mesmo internacional.
Foto: Sonia Aguiar - 2° Lugar Categoria Amadora |
Em resumo, a campanha “Moren@, não. Eu sou negr@!” vem prestando um grande contributo a toda sociedade, e em especial às pessoas que buscam o reconhecimento de sua ancestralidade africana. A construção da identidade negra no Estado, assim como em todo o Brasil, tem auxiliado no combate ao racismo, e vem ganhado cada vez mais espaço, por isso a Campanha de Afirmação na Paraíba tornou-se uma ação permanente da Bamidelê e continuará a difundir uma mensagem de reconhecimento da ancestralidade africana em área de diáspora, como é o caso do Brasil.
Não deixe de acompanhar as ações políticas dessa Organização de Mulheres Negras na Paraíba.