As manifestações racistas contra os estudantes africanos na Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara foram casos isolados, mas provocaram medo e não podem ser ignorados. Essa é a opinião de universitários que foram alvo do ataque e de outros alunos que se solidarizaram.
Ontem, além
de ser o principal assunto no campus, a frase “Sem cotas para os animais
africanos” havia sido trocada pela inscrição “Sem
tolerância com os animais racistas”, por estudantes do curso de
Ciências Sociais.
“Eu me sinto em
casa na Unesp, mas foi no Brasil o primeiro lugar em que me senti
realmente diferente por ser negro”, diz Duarte Olossato, da
Guiné-Bissau, um dos jovens que estudam na Unesp através de convênio
entre os governos brasileiro e africanos. Ele se diz assustado com a
situação, mas não vai mudar sua rotina por isso.
“A
gente fica abatido, mas a vida segue em frente, a maioria é gente
amiga”, diz Júlio Vicente, também bissanense, que está há três anos em
Araraquara.
“É uma idiotice sem tamanho”, acredita a estudante de Letras Andressa do Nascimento, solidária aos colegas vindos de países africanos.
“É uma idiotice sem tamanho”, acredita a estudante de Letras Andressa do Nascimento, solidária aos colegas vindos de países africanos.
XenofobiaO
professor Dagoberto José Fonseca reforça a opinião de que o caso
reflete a posição de um
grupo pequeno, mas que conta com um “autor intelectual”. “Até por ser o
primeiro caso do tipo na faculdade, devemos combater enquanto o
movimento parece estar nascendo”, diz Fonseca. “É claro que quem fez
quis chamar a atenção.”
Além
do crime de racismo, o professor Dagoberto alerta para a xenofobia.
“São atos criminosos que não servem nem para um debate ou reflexão.” “O
problema é que essa frase reflete a educação e pensamento de mais
pessoas”, explica Washington Lúcio Andrade, ex-consultor do Ministério
da Igualdade Racial, que acionou o Ministério Público com um grupo de
unespianos. O órgão vai acompanhar o caso.
A Unesp, por meio de nota, repudiou o ato de racismo e disse que buscará a identificação do responsável para puni-lo.
Fonte: www.araraquara.com
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